Diário II

A Cristina quer ser o Júlio Isidro da cozinha portuguesa.
Comecei a fazer conservas de limão porque a Dona Idalina de Monchique me deu muitos e bons e eu não quero estragá-los.
O kimchi chama mais moscas da fruta do que a fruta.
Vamos ter saudades do take away como temos saudades de José Pinto de Sousa.
Abriu uma churrasqueira em Alvalade. Chama-se Churrasqueira de Alvalade. Não é melhor do que a Rio de Mel.
A fermentação de malaguetas chama mais mosquinhas da fruta do que o kimchi.
O que é pior do que assar frangos no Verão? Assar frangos no Verão com máscara.
Um dia, desenhar folhinhas em pães artesanais vai ser uma coisa tão foleira como andar com roupa da Desigual.
O Carlos Duarte Afonso, do restaurante O Frade, é o meu sex symbol favorito.
A nova churrasqueira de Alvalade tem um papel na porta a pedir colaboradores com “alguma experiência”. Pensei em alistar-me. Tenho “alguma” experiência. A Sílvia não me apoiou. “Não aguentavas nem um dia.”
José Pinto de Sousa, apesar de tudo, proporcionou-me a minha primeira viagem à China. E a minha primeira — e única — estadia num Mandarim Oriental.
Um dia, quando estiver a receber o troféu de melhor churrasqueiro do bairro, não vou poder dizer: “Obrigado à minha família, que sempre acreditou em mim”. Triste.
No Mandarim Oriental de Pequim comi o ovo estrelado mais perfeito de sempre.
O que a Cristina fez com o Carlos Duarte Afonso seria considerado assédio nos E.U.A.. Felizmente, isto não é os E.U.A..