Porno Gostoso Chinês

De todas as séries da Netflix a minha preferida está escondida nas profundezas do arquivo. Flavorful Origins não aparece no Trending Now, nem no Popular, e também não é um Emmy Winning TV Show.

Mas devia. 

Flavorful Origins é sobre a cozinha de Chaoshan, uma região da província de Guangdong, no sudeste da China. 

Cada episódio mostra um produto ou uma preparação local, mas filma-o com amor e com tempo, food porn com história e conteúdo e closes ups de virar a cara. 

Ora aparecem grandíssimos planos da gelatina de caranguejo marinado (e de várias outras coisas, o chinesas adoram gelatinas), ora são câmaras super-lentas com super-zooms de pingos de leite de arroz artesanal antes de ser cozido, ora se abre a lente para magníficas paisagens de tanques de ostras ou para bairros labirínticos onde se comem noodles com banha de ganso e bofes com azeitonas chinesas (nada a ver com as nossas).

A primeira temporada tem 20 episódios que se vêem sem o coração aos saltos, sem edições frenéticas, filmes magnificamente produzidos pelo chinês Chen Xiaoqing, e em que se aprende com os maiores especialistas da cozinha tradicional de Chaoshan.

O foco não são os chefs, nem neo-realismo de algibeira, só a comida e a hábil técnica de homens dedicados em transformar a natureza em coisa comestível e saborosa, mesmo que isso implique horas, dias, anos de fermentações e outras operações. 

Aprende-se com os melhores a fazer pasta de soja, molho de peixe, hot pot de carne, almôndegas, tofu, a melhor massa hu tieu e outros pratos que não aparecem no menu dos restaurantes chineses cá do bairro.

Flavorful Origins não tem a sofisticação da montagem do Ugly Delicious, nem se centra em estrelas planetárias como em Chef’s Table, nem entra na vida pessoal como em Street Food. 

Em Flavorfoul Origins as câmaras apontam sobretudo para comida. E apontam como nunca apontaram.

Ah, a segunda temporada já está a caminho.